Vamos explorar um Castelo

O castelo era não só o lar do senhor e base militar mas também o local de negócios oficiais de todas as possessões do senhor. Era necessário um grande número de pessoas para manter o castelo, as propriedades e o estilo de vida do senhor e da sua dama. Todos os trabalhos tinham a sua importância. O capitão da guarda era o ajudante e o conselheiro de maior confiança do senhor, e dirigia na ausência deste. O capitão da guarda controlava os tesouros do senhor, que incluíam ouro, prata, trajes caros e lindas tapeçarias tecidas à mão. Todos os dias, ele tinha de gerir as despesas do senhor e a manutenção do castelo. Eram os bailios e meirinhos que organizavam as quintas dos senhores e recolhiam o dinheiro das rendas. Era frequente, haver sempre um sacerdote por perto para oferecer orientação espiritual. O escanção (mordomo) tratava do vinho e da cerveja, enquanto os cozinheiros alimentavam toda a gente que passava pelo castelo.

Quando os inimigos não estavam por perto, a vida no castelo era bastante calma. Na cozinha, trabalhava-se durante quase todo o dia para preparar comida para o senhor e para os trabalhadores do castelo. Servia-se geralmente um pequeno-almoço ligeiro e uma refeição maior ao meio-dia ou à noite. Por vezes, os cavaleiros tomavam outra refeição ligeira no final do dia.

Embora o principal abastecimento de água de um castelo fosse um poço, a água da chuva era recolhida através das goteiras dos telhados e guardada em grandes bacias ou cisternas. As cisternas eram esvaziadas periodicamente e a água usada para cozinhar ou lavar.

Os ataques ao castelo podiam durar meses, os atacantes destruíam todas as colheitas e fontes de alimentação. Como tal, as despensas constituíam uma parte importante do castelo. O rés-do-chão da torre de menagem do castelo era a sua principal localização. Ali, podiam guardar-se armas e alimentos. A carne e o peixe eram salgados, fumados ou secos. A fruta e os legumes eram conservados em vinagre. O leite talhado era transformado em manteiga ou queijo duro. As uvas eram esmagadas e transformadas em vinho ou sumo por vezes usado como conservante. O mel era guardado em frascos.

O centro do castelo era a torre de menagem- a grande torre de pedra que abrigava os aposentos do senhor, o abastecimento de água e o salão nobre. A torre de menagem era, muitas vezes, uma torre separada, mas em muitos castelos medievais os andares superiores da poderosa barbacã constituíam os alojamentos mais seguros para o senhor e a sua família.

Mesmo quando os senhores não estavam a fazer uma comemoração, presidiam à refeição do meio-dia, que era servida todos os dias no salão nobre. Esta refeição podia durar horas. Os alimentos do senhor, da família e dos convidados importantes eram frequentemente encimados por enfeites. Era típico o primeiro prato ser pão, cuja crosta era enfeitada de pétalas de rosa, violetas, ervas e especiarias. No prato principal, os cozinheiros por vezes colocavam a pele dos animais ou espetavam penas na carne, para que esta parecesse fresca. Os pratos secundários incluíam ovos, amêndoas, feijões e legumes.

Em vez de pratos, toda a gente, comia sobre fatias de pão chamadas trinchas. Nas casas mais ricas, existiam colheres mas o garfo ainda não tinha sido introduzido. Os senhores e os cavaleiros traziam as suas facas para a mesa. Mas, muitas pessoas comiam com as mãos. Antes das refeições e entre os pratos, os serviçais ofereciam taças de água aromática e toalhas para se lavar as mãos. Durante a refeição da noite, que era muito mais simples do que a do meio-dia, o senhor e a família sentavam-se numa plataforma elevada ou estrato de onde podiam observar os bobos a cantar, a contar histórias e a fazer malabarismo. Os músicos que viajavam de vila em vila tinham por vezes permissão para participarem na refeição e cantarem. Estes cantores tocavam alaúde ou violino e cantavam baladas de amor ou de aventura. Enquanto os senhores e damas dançavam, com os convidados, os serviçais dançavam entre si. Por vezes, os cavaleiros reuniam-se para jogar gamão (a que chamavam «tabuleiros») ou xadrez, após a refeição.

O salão nobre era o local mais público do castelo. Os seus altos tectos de madeira, as lareiras crepitantes e o seu enorme tamanho tornavam-no o local ideal para festins e ocasiões solenes. As principais peças de mobiliário do salão eram os bancos de madeira e as grandes mesas feitas de tábuas. Em alguns castelos, o salão ficava ao nível do solo e os «animais dos senhores», como os cães, falcões e cavalos, podiam participar nas festividades. Apenas o senhor podia entrar no salão nobre montado a cavalo.

Á noite, as mesas eram desmontadas para que os serviçais pudessem dormir no salão. Contudo, tinham de repousar entre os ossos e pedaços de comida atirados para o chão durante as refeições. Por isso, salpicavam o chão de juncos e ervas de cheiro adocicado, como as ulmárias, para disfarçar o odor.

No século XV, as tendências políticas e sociais transformavam o modo como os castelos eram utilizados. As armas de cerco, como os canhões, tornaram os castelos mais vulneráveis e os governadores passaram a interessar-se mais pelo conforto do que pela guerra constante. Muitos castelos-fortaleza foram transformados em prisões ou abandonados à degradação. Actualmente, os castelos medievais são estimados e conservados- porque são símbolos de uma época que continua a fascinar o imaginário de muitas pessoas.