Grécia Antiga

O dia-a-dia na cidade de Atenas

A maior parte dos Atenienses vivia no campo, entregue aos trabalhos rurais. Cultivando a terra com o auxílio de dois ou três escravos, os pequenos proprietários da Ática levavam uma vida simples e frugal. Não gostavam do bulício e dos costumes da cidade e apenas aí se deslocavam para vender os seus produtos ou para participar, uma ou outra vez, nas sessões da Eclésia.

Ao contrário, os Atenienses que habitavam na cidade apreciavam a vida movimentada e, sobretudo tinham orgulho nas magníficas construções que, desde o templo de Péricles, embelezavam Atenas: as novas muralhas e templos da acrópole, os grandiosos edifícios públicos da ágora. À sua volta as ruas eram estreitas, tortuosas e sujas, porque nem sequer havia sistema de esgotos. As casas de habitação, mesmo nos bairros ricos, eram modestas. Mas os atenienses pouco se importavam com isso, pois passavam a maior parte da vida ao ar livre, frequentando a Pnix e os tribunais, ou deambulando na ágora.

Era ali, na ágora, o verdadeiro coração da cidade. À sombra dos plátanos, amontoavam-se lojas e barracas de feira, onde se podia adquirir toda a espécie de produtos (vestuário e perfumes, potes de cerâmica e outros utensílios caseiros, vinho, legumes, etc.) e frequentar o livreiro ou ir ao barbeiro. Entre os magotes de gente, no meio do alarido dos camponeses, artificies e comerciantes fazendo os seus negócios, o cidadão arranjava sempre lugar para se encontrar com os amigos e tagarelar sobre as últimas novidades. Depois, talvez cansado da agitação da ágora, podia gozar algumas horas de repouso num dos ginásios dos arredores da cidade, praticando exercício ou admirando as proezas dos jovens atletas.

A vida doméstica

A família e o lar pouco atraíam os homens atenienses. Em compensação, esse era o mundo das mulheres. As mulheres, em Atenas, viviam entregues exclusivamente aos trabalhos domésticos e à educação das crianças. Habitavam com os filhos pequenos numa dependência da casa que lhes estava reservada, o gineceu, mantendo-se quase completamente afastadas da vida pública. Só raramente saíam à rua, às comprar e, quando o faziam, iam acompanhadas de uma escrava. Nem sequer era hábito assistirem a certas festividades públicas, como por exemplo os jogos ou as comédias.
Com frequência, os atenienses ricos recebiam convidados em sua casa. Enquanto decorria o banquete, as mulheres da casa permaneciam retiradas no gineceu. Os homens divertiam-se alegremente, bebendo e conversando, reclinados nos seus leitos, enquanto os músicos e, às vezes, as bailarinas animavam o serão.

A formação do cidadão: a educação dos jovens

Havia em Atenas, mais do que em qualquer outra Cidade - Estado, uma grande preocupação com a educação dos jovens, pois era necessário prepará-los para virem a participar na vida democrática.

Até aos 7 anos, os pequenos atenienses viviam no gineceu, entregues aos cuidados da mãe e de outras mulheres da casa. A partir dessa idade, as meninas ficavam em casa, preparando-se para serem mães enquanto os rapazes eram enviados à escola, que funcionava sempre na residência de mestres particulares. Se a família era abastada, o rapaz ia acompanhado pelo seu pedagogo, um escravo encarregado de o vigiar e auxiliar nos estudos. O pedagogo era, na realidade, um preceptor, a quem cabia em grande parte a educação moral da criança: ensinava-lhe os bons costumes e as boas maneiras, os deveres de cidadão, etc.

A educação era considerada função do Estado e, como tal, era uniformizada e não competia apenas aos pais, mas também a dois professores: o pedagogo, que acabamos de falar e o pedotriba, que orientava a preparação física.

Na escola, a criança aprendia a ler e a escrever e a recitar os poemas antigos. Era principalmente através dos poemas homéricos, a Ilíada e a Odisseia, que ela ficava a conhecer as acções dos grandes heróis, que lhe deviam servir de exemplo moral. Estes dois longos poemas narram os feitos dos antigos heróis aqueus. Os versos que constituíam estes dois poemas eram sem sombra de dúvida uma fonte de ensinamento morais, incitando os jovens a seguir os exemplos de bravura, de lealdade, de astúcia e de espírito de sacrifício. Na escola os rapazes estudavam, ainda, rudimentos de aritmética e sobretudo música, pois para os Gregos esta representava a forma mais elevada de enriquecer o espírito.

Aos quinze anos, o rapaz começava a frequentar ginásios. Os ginásios eram recintos públicos, situados geralmente em parques arborizados, onde se praticava atletismo, sobre a orientação dos mestres de educação física. Dois ginásios ficariam famosos para toda a História devido à proficuidade das suas actividades: a Academia, de Platão, e o Liceu, do seu discípulo Aristóteles. Nos ginásios ensinava-se também Matemática e Filosofia.

O jovem podia adquirir, no ginásio, não só a destreza física necessária para combater em defesa da pólis, como a capacidade de exprimir correctamente o pensamento para participar nos debates da Eclésia ou nos tribunais.

Aos dezoito anos, o efebo (“homem jovem e belo”) cumpria um serviço militar de dois anos, que lhe permitiria defender a sua cidade.
Aos vinte anos o jovem era, finalmente, um cidadão na plena posse dos seus direitos cívicos.

No entanto, a sua formação continuaria pela vida fora, nomeadamente através do contacto com a Filosofia. No século V a. C. os jovens maravilharam-se com os sofistas, professores que iam de cidade em cidade discutindo sobre os mais variados assuntos graças ao seu saber enciclopédico. No entanto, o facto de se fazerem pagar pelas suas aulas e de serem capazes de criticar ou defender pelo puro prazer da arte da retórica fê-los perder bastante do seu crédito. Sócrates, Platão e Aristóteles, em contrapartida, nunca deixaram de influenciar, até aos nossos dias, o pensamento do mundo ocidental.

5ª parte: Religião e Cultura »»»