Vamos explorar um Castelo

Abre os portões de ferro e explora uma antiga fortaleza

Os outrora poderosos castelos da Europa medieval assentam sobre colinas relvadas. As suas janelas vazias e torres em ruínas erguem-se como lembranças silenciosas de glórias passadas: de cavaleiros e suas damas, de reinos conquistados e perdidos

Os castelos, em toda a sua magnificência e mistério, representam símbolos de pedra do sistema de poder feudal que dominou a Europa durante a Idade Média (500- 1500 d.C.).

Os castelos eram os lares de reis ou de poderosos senhores. Estes senhores, arrendavam as terras que rodeavam o castelo a agricultores e aldeãos, chamados vassalos, que juravam lealdade ao senhor.

Os castelos eram muito mais do que simples lares de nobres poderosos- eram construídos para dominar e intimidar. Os senhores construíam castelos para estabelecer o seu domínio sobre a área que os rodeava. Entre os séculos X e XV, à medida que se propagavam as batalhas por toda a Europa, milhares de castelos foram construídos e destruídos. Ao construir um castelo, uma das primeiras coisas a ter em conta era a localização. Um castelo construído sobre uma colina íngreme ou no topo de uma falésia rochosa tornava-se difícil de atacar de surpresa. A segurança era ainda maior se a colina estivesse rodeada de água por três lados.

Os primeiros castelos foram feitos em madeira. Os castelos de madeira eram construídos rapidamente, mas também se incendiavam facilmente. A seguinte geração de castelos foi construída em pedra. A maioria dos castelos de pedra foi construída entre os anos 1000 e 1350, numa época conhecida como Alta Idade Média. Os muros dos castelos possuíam mais de 2, 4 metros de espessura e os das torres eram, ainda mais espessos. Os castelos de pedra permitiam a sobreposição de quartos e a construção de lareiras com chaminés, que ventilavam através de aberturas nas paredes. Os castelos de pedra, rodeados por vários panos de muralha de torres múltiplas, eram praticamente impenetráveis.

Assim que um senhor recebia o alerta de um ataque iminente ao seu castelo, mandava chamar os seus leais cavaleiros ao serviço. Os castelos e os reinos não podiam sobreviver sem cavaleiros que os protegessem. Os cavaleiros eram guerreiros profissionais a cavalo, extremamente especializados. Embora fosse típico fornecerem apenas 40 dias de serviço por ano ao seu senhor, os cavaleiros estavam dispostos a dar a vida para cumprir o seu dever. Os cavaleiros acreditavam que a protecção do senhor e das terras era um serviço a Deus e à Igreja. Os pretendentes a cavaleiros treinavam, durante anos pela honra de servir o seu senhor e o rei. Aos sete anos, os rapazes de nobre nascimento eram enviados para o castelo como pajens dos cavaleiros. Serviam comida e entretinham os cavaleiros. Para desenvolverem as suas capacidades, montavam a cavalo, lutavam, e praticavam o uso das armas. Alguns aprendiam também a ler e a escrever. Aos 14 anos, podiam tornar-se escudeiros, ajudando o cavaleiro, a tratar do cavalo, a polir a armadura e a preparar-se para as batalhas. Os escudeiros que realizavam, um bom serviço eram investidos cavaleiros entre os 18 e os 21 anos. Como preparação era realizada uma vigília. Primeiro, tomava um banho, símbolo da purificação da sua alma. Depois, montava a vigília durante toda a noite junto das suas armas e da sua armadura, rezando na capela. No dia seguinte, uma breve cerimónia confirmava a sua entrada para a cavalaria. Em caso de necessidade, a cavalaria podia ser concedida a meio de uma batalha, por meio de um simples toque do senhor, que proferia as palavras «Torna-te um cavaleiro».

Os cavaleiros prestavam juramento a um código de cavalaria, prometiam ser leais e respeitosos para com Deus e a Igreja, corajosos em combate e estar dispostos a dar a vida pelo seu senhor, as suas terras e seus habitantes. Um cavaleiro deveria ser amável e humilde para com os seus compatriotas, independentemente da sua posição social, e não mostrar piedade perante os inimigos Um cavaleiro bem protegido tornava-se difícil de matar. O ponto mais vulnerável da sua armadura era a viseira do elmo. A armadura de metal que cobria o corpo todo só começou a ser usada a partir de 1400. Antes disso, o traje de um cavaleiro consistia em camadas de vários materiais capazes de o proteger durante o combate.

A maioria dos cavaleiros possuía dois ou três cavalos. Dois podiam ser usados para as tarefas do quotidiano e um era treinado para o combate. A arma mais poderosa do cavaleiro era a sua espada, que normalmente tinha cerca de 80 centímetros e pesava cerca de 900 gramas. Os soldados a pé tinham espadas ainda maiores, pois podiam usar ambas as mãos. Lutar montado a cavalo com uma armadura pesada e brandindo uma lança e um escudo era algo difícil de aprender. Para aprimorar as suas capacidades, os cavaleiros participavam em competições de combate, chamadas torneios. Nos séculos XII e XIII, era frequente os torneios estenderem-se por vários quilómetros e oporem exércitos. Durante um cerco os cavaleiros podiam saltar para fora do castelo através de uma pequena porta, difícil de ver, que podia situar-se a meio de uma parede. Uma vez no exterior, os defensores podiam lançar um ataque furtivo e recuperar armas do inimigo.

As notícias de que um exército estava prestes a atacar um castelo chegavam, frequentemente, através de um mensageiro. De imediato, os serventes e os guardas começavam a trabalhar na defesa do castelo. Com um bom arsenal de armas, soldados, alimentos e água havia mais hipóteses de sobreviver a um cerco. O inimigo que se aproximava emitia uma ordem de rendição ao senhor do castelo. O senhor raramente aceitava render-se, a menos que tivesse pouco poder ou sentisse que podia chegar a um acordo menos doloroso do que ver o seu castelo a ser destruído. Se um atacante tomasse posse do castelo, também tomava posse das terras que o rodeavam. Se não houvesse rendição, os soldados a pé eram os primeiros a atacar. Aríetes, que eram enormes troncos com ponta de ferro, batiam contra os portões principais. Para se defenderem, os soldados baixavam sacos almofadados, suspensos por cordas, para absorver os embates. Se as forças de ataque tentassem transpor as paredes do castelo, os solados atiravam-lhes pedregulhos. Frequentemente, os atacantes lançavam às paredes do castelo recipientes de barro cheios de uma mistura inflamável à base de óleo. Estes recipientes quebravam-se com o impacto e a mistura colava-se a tudo- até às pedras do castelo. Outros recipientes continham alcatrão a arder. Estes incêndios não podiam ser apagados com água.

Do interior do castelo, os archeiros disparavam setas através de seteiras- estreitas fendas nas paredes. Os arcos longos necessitavam de uma seteira longa, enquanto as bestas necessitavam de uma fenda horizontal. Do cimo do castelo, os archeiros soltavam uma nuvem de flechas sobre os inimigos que se aproximavam, os quais caíam rapidamente, à medida que as flechas choviam sobre eles. As bestas e os arcos longos constituíam a chave do material defensivo. As bestas podiam disparar enormes setas com pontas de ferro, chamados dardos. Os archeiros e os besteiros mais habilidosos conseguiam disparar 12 setas por minuto. Mais fáceis de carregar e mais rápidos a disparar, eram os arcos longos. Estes arcos eram da altura de um archeiro e as setas podiam alcançar distâncias de cerca de 230 metros. Era necessária uma ferramenta poderosa para fazer ruir um castelo.

Utilizado pela primeira vez na Europa do século XII, o trabuco era uma grande catapulta que lançava pedregulhos às paredes do castelo. O braço de um trabuco de cerca de 18 metros de comprimento conseguia atirar uma pedra de 90 quilos a uma distância de quase trezentos metros. Nem sempre havia pedras à disposição, por isso qualquer coisa- recipientes cheios de líquidos quentes ou inflamáveis, carcaças apodrecidas de animais de criação, cadáveres de pessoas que tinham morrido de doenças contagiosas, ou até mesmo as cabeças cortadas de prisioneiros- podia ser lançada. Os animais mortos possuíam a vantagem acrescida de poderem espalhar doenças, enquanto as cabeças cortadas se revelavam úteis na guerra psicológica. Nos trabucos mais pequenos, os braços eram puxados por homens e podiam ser recarregados mais rapidamente. Um castelo pouca defesa tinha contra um potente trabuco.

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