Dramatização:

Situação Económica, Social e Política da Rússia nos inícios do século XX

Cena 1: Dia 9 de Janeiro de 1905 - o czar Nicolau II encontra-se, no seu Palácio de Inverno, localizado em S.Petersburgo, a escrever uma carta na qual relata a situação económica, social e política da Rússia :

O meu Império abrange um vasto território na Europa do Leste e no Norte da Ásia. A principal actividade económica, no meu país, é a agricultura. A terra pertence à Igreja, à Nobreza e à Coroa. Os instrumentos e as técnicas de trabalho agrícola são rudimentares e, por isso, a produtividade dos nossos campos é baixa.

Sei, muito bem, que os camponeses reclamam acerca da sua vida: consideram-na dura e cheia de dificuldades. Os camponeses russos aspiram à posse da terra e ao fim das dificuldades a que dizem estar sujeitos.
Tenho consciência de que o nosso comércio é pouco dinâmico. A vida comercial limita-se praticamente às grandes cidades.

A indústria, de pequena expressão, localiza-se em determinados centros - S. Petersburgo, Moscovo e Baku. As principais fábricas pertencem aos estrangeiros – franceses, belgas, ingleses e alemães – que investem na minha Rússia.

A burguesia, carecida de capitais, é fraca e em número reduzido. Tenho ouvido dizer que os operários, concentrados nos grandes centros, se queixam acerca da sua vida. Dizem levar uma vida difícil devido – aos baixos salários, às horas de trabalho em excesso e ao facto de não terem sindicatos nem direito a fazer greve. Possuo, aliás, provas de que o meu povo anda descontente.

Tenho conhecimento de que os trabalhadores de S. Petersburgo escreveram uma petição a solicitar-me justiça e compreensão. Sei que nela me pedem 8 horas de trabalho diário, aumento dos salários e o fim das horas de trabalho extraordinárias… Pedidos, pedidos e mais pedidos… Eu sou o czar Nicolau II, o governante do Império Russo, senhor de ilimitados poderes e por isso não aceito pedidos, condeno todo e qualquer pedido que me seja feito… Eu concedo o que quero e não o que me é exigido!

Apoiado na Igreja, no exército e na polícia política, faço as leis, administro o país, aplico a justiça… Governo, assim, autocraticamente pois o meu poder é absoluto e ilimitado.

Cena 2: o czar Nicolau II continua a escrever a sua carta silenciosamente. No exterior do palácio de Inverno vão-se amotinando inúmeros manifestantes (alunos).
Entram na sala, onde o czar está a redigir a sua carta, dois dos seus leais soldados (alunos), dizendo:

Soldado 1: Senhor, está concentrada à porta do seu palácio uma multidão de manifestantes. Pedem pão, redução das horas de trabalho, salários mais elevados, direito à greve e a sindicatos.

Lá fora os manifestantes reclamam:

Manifestante (um dos manifestantes pede):- queremos pão!

Repetem a exigência os restantes manifestantes:- queremos pão!

Manifestante (um dos manifestantes pede): - queremos redução das horas de trabalho!

Repetem a exigência os restantes manifestantes: - queremos redução das horas de trabalho!

Manifestante (um do manifestantes pede): - queremos salários mais elevados!

Repetem a exigência os restantes manifestantes:- queremos salários mais elevados!

Manifestante (um do manifestantes pede): - queremos direito à greve e a sindicatos!

Repetem a exigência os restantes manifestantes:- queremos direito
à greve e a sindicatos!

Cena 3: um dos leais soldados do czar Nicolau II aborda-o dizendo:

Soldado 2: - senhor deseja receber alguns dos manifestantes no seu palácio? Deseja ouvir as suas reclamações?

Czar Nicolau II: não! Nunca! O meu povo não tem direito a manifestar-se. Eu concedo o que quero e não o que me é exigido… Dou-vos ordem para abrir fogo sobre os manifestantes.

As tropas leais ao czar abrem fogo sobre os manifestantes…

Cena 4: entra em cena um novo aluno (narrador ):

Aluno (narrador): - as tropas leais ao czar receberam os manifestantes a tiro, causando um elevado número de mortos e feridos. Por essa razão, o dia da manifestação, 9 de Janeiro de 1905 (dia 22 no Ocidente), ficou conhecido como “Domingo Sangrento”. Não pensem que a partir deste dia, a situação social melhorou… A verdade é que a situação social agravou-se… As manifestações continuaram, o que levou o czar Nicolau II a fazer concessões:

- estabeleceu a Duma (Assembleia Nacional), a quem passava a competir a feitura das leis;

-prometeu ao seu povo o direito ao voto e à organização sindical.

Na prática, contudo, a situação na Rússia não se alterou. Com efeito, a Duma, controlada pelo czar, foi dissolvida várias vezes e as restantes promessas não foram cumpridas. Contudo, a revolução de 1905 constituiu a primeira ameaça séria ao poder do czar.

Em Fevereiro de 1917, uma revolução pôs fim ao czarismo (o czar Nicolau II é obrigado a abdicar do trono), mas não resolveu os problemas da Rússia, agravados com a entrada do país na 1.ª Guerra Mundial.
Em Outubro de 1917, uma outra revolução deu origem ao primeiro Estado Socialista da Humanidade.

Petição dirigida ao czar Nicolau II:


“Senhor! Nós trabalhadores de S. Petersburgo, nossas mulheres, nossos filhos e nossos pais, velhos sem recursos, vimos, oh czar! solicitar justiça e compreensão. Reduzidos à mendicidade, oprimidos, vergados ao peso de um trabalho extenuante, não somos considerados como seres humanos, mas tratados como escravos. Por isso, abandonamos o trabalho e não o retomaremos até que sejam aceites as nossas justas reivindicações (…).
O pedido de 8 horas de trabalho foi rotulado de ilegal, assim como a elevação do salário a um rublo diário, para os operários de ambos os sexos, e a supressão de horas suplementares, enfim, apenas queremos uma melhoria da situação dos trabalhadores.
Qualquer um de nós que se manifeste a favor da classe operária é enviado para a prisão ou exílio. (…) Conceda, sem demora, aos representantes de todas as classes do país, o direito de se reunir em assembleia. Que todos sejam livres de eleger quem lhes interesse. Permita, por isso, que se proceda à eleição de uma Assembleia Constituinte sob o regime de sufrágio universal”.


Petição dos manifestastes de S. Petersburgo dirigida ao czar Nicolau II (1905)