Reconstruindo o poder alemão

Tendo assegurado a sua posição na Alemanha, Hitler deu início à sua longa campanha para restaurar o poder alemão na Europa, recorrendo para tal a um cada vez maior número de graves quebras dos acordos e ignorando abertamente a opinião dos outros países europeus. Iniciou um intenso programa de rearmamento, organizado secretamente, a princípio, e depois de forma cada vez mais flagrante. Por exemplo, a Alemanha não estava autorizada a possuir uma força aérea mas, sob a desculpa de se tratar de uma linha aérea civil, Hermann Goering construiu absolutamente do nada a Luftwaffe, anunciando oficialmente a sua existência em Abril de 1935.

Hitler voltou depois a sua atenção para as cláusulas territoriais dos diversos tratados que a Alemanha se tinha comprometido a respeitar, começando pelo plebiscito da região do Saar, em Janeiro de 1935. O resultado, influenciado em parte pelo terrorismo, foi uma esmagadora maioria a favor do regresso à Alemanha, tendo Hitler usado estes resultados como um incentivo para denunciar as cláusulas militares do tratado de Versalhes (Março de 1935) e para introduzir o serviço militar obrigatório na Alemanha. Um ano mais tarde arriscou o envio das suas tropas até à zona desmilitarizada do Reno, desafiando abertamente o acordo de Locarno de 1925, o qual, segundo ele, havia sido ultrapassado pela aliança franco-soviética. A remilitarização da margem direita do Reno foi seguida por dois anos de activas preparações militares alemãs, combinadas com uma reformulação total da economia, de modo a tornar a Alemanha auto-suficiente.

Quando estalou a guerra civil de Espanha, em Julho de 1936, Hitler aproveitou a oportunidade para testar os seus recém-formados exército e força aérea ao lado das forças de Franco. Outros acontecimentos no estrangeiro durante os anos de 1936-1937, tais como a incapacidade da Sociedade das Nações em verificar a aventura abissínia de Mussolini, aumentaram a tensão na Europa e muito contribuíram para o fortalecimento da posição de Hitler. Mussolini era um aliado natural e os dois países tornaram-se aliados com o Eixo Roma-Berlim de Outubro de 1936.

Expansionismo no estrangeiro

A partir do final de 1937, Hitler optou por uma política estrangeira agressivamente expansionista que, durante dois anos, apenas lhe trouxe sucessos espectaculares. Em Março de 1938 anexou a Áustria, manipulando uma súbita crise nas relações austríaco-alemãs, enviando o exército alemão para o outro lado da fronteira e declarando o Anschluss, a incorporação da Áustria no Reich. De seguida começou a implantar a campanha para a libertação dos Sudetas, uma área de etnia alemã dentro da Checoslováquia - tal atitude não passava de um ataque a um estado soberano unido por tratado às potências ocidentais e por laços étnicos à Rússia. Contudo, Hitler compreendia perfeitamente as realidades inerentes à situação política imediata e sabia bem de mais que o ocidente não estava preparado para lutar. O acordo de Munique de Agosto de 1938 entregou-lhe os Sudetas em troca da promessa de que não exigiria mais territórios - a mesma promessa que fizera aquando da anexação da Áustria. Logo de seguida, durante o ano de 1939, apoderou-se dos restantes territórios da Checoslováquia e, ao mesmo tempo, anunciou a anexação de Memel, violando directamente o tratado de Versalhes. Por essa altura, aos olhos do alemão médio, Hitler parecia ser não apenas o conservador da paz mas também um estadista de mão cheia, ultrapassando todos os seus predecessores e alargandoas fronteiras do Reich. Em menos de um ano, acrescentara 10 milhões de alemães ao Terceiro Reich, quebrara o formidável bastião da expansão alemã para sudeste e tornara-se o maior ditador europeu desde a época de Napoleão.

O início da guerra

Em Março de 1939, Hitler renunciou ao pacto de não-agressão com a Polónia, de 1934 e exigiu a devolução de Danzig e do corredor polaco. O Reino Unido e a França garantiram a independência polaca e avisaram Hitler de que estavam dispostos a lutar pela Polónia. Hitler ficou algo abalado com este procedimento, em particular quando as duas potências ocidentais entraram em negociações com Moscovo. Contudo, em vez de abandonar os seus desígnios, preferiu esquecer momentaneamente o seu ódio pelo comunismo e propor um pacto de não-agressão à URSS. Estaline concordou e o pacto Molotov-Ribbentrop foi assinado a 23 de Agosto de 1939. Afastado o perigo da interferência soviética, Hitler lançou o seu Blitzkrieg sobre a Polónia a 1 de Setembro de 1939 e, dois dias mais tarde, o Reino Unido e a França declararam guerra.

Blitzkrieg

Depois da invasão da Polónia, a Alemanha avançou rapidamente sobre a Holanda, a Bélgica e a França, tendo lançado, ao mesmo tempo, invasões sobre a Noruega e a Dinamarca. Os espectaculares acontecimentos da Primavera e Verão de 1940 culminaram no armistício com a França, o que apenas confirmou o génio de Hitler aos olhos do alemão médio. Na Primavera de 1941, as forças alemãs invadiram a Jugoslávia e a Grécia, enquanto a força aérea atacava o Reino Unido com os seus bombardeiros e a marinha os barcos que transportavam as provisões.

Batalha do Reino Unido e plano Barba Ruiva

Hitler decidiu atingir os britânicos atacando o império a oriente. No entanto, este plano dependia da neutralidade da URSS e, não estando absolutamente certo deste facto, Hitler e os seus conselheiros decidiram fazer coincidir um ataque ao Egipto com a invasão da própria URSS - a operação Barba Ruiva, de Junho de 1941. Esta foi uma decisão fatal que fez entrar em cena um inimigo poderoso e que abriu uma segunda frente, tendo acabado por revelar as fraquezas essenciais subjacentes a toda a Weltpolitik (política) de Hitler. É bem possível que ele tenha tomado esta decisão contra a opinião dos outros líderes nazis e, de um modo geral, contra a opinião do estado-maior alemão. A partir daí esforçou-se por afastar a URSS dos Aliados ocidentais realçando a cruzada antibolchevique da Alemanha.

As campanhas alemãs dos balcãs e do Mediterrâneo foram brilhantes em termos de planeamento e execução, mas a intervenção britânica na Grécia e a resistência britânica em Creta e na Líbia atrasaram o planeamento de Hitler em termos de tempo e, à medida que o Verão de 1941 chegava ao fim, tornava-se óbvio que o optimismo alemão tinha sido excessivo. Os revezes na batalha de Inglaterra (Julho de 1941) constituíram um terrível golpe para o moral alemão e, durante algum tempo, Hitler permaneceu silencioso; no entanto, numa reunião, a 4 de Outubro, anunciou uma operação gigantesca que provocaria a derrota da URSS. Depois do esmagamento do exército alemão mesmo antes de chegar a Moscovo, Hitler despediu o comandante-chefe, Brauchitsch, em Dezembro de 1941, e assumiu pessoalmente o controlo de todas as operações militares. Quando os Estados Unidos entraram na guerra, após o ataque a Pearl Harbor (Dezembro de 1941), quatro quintos do mundo passaram a estar em luta contra a Alemanha.

O declínio 1942-1943

A mensagem do Ano Novo de 1942, de Hitler, assinalou um declínio na grandeza das suas afirmações, apesar de os exércitos alemães continuarem a constituir uma força poderosa. Com efeito, no início de 1942, os exércitos alemães posicionados na USSR chegaram ao Volga, em Estalinegrado, enquanto Rommel ameaçava o Cairo e Alexandria, no norte de África. No entanto, antes do Outono chegar ao fim, Rommel tinha sido derrotado em El Alamein e os soviéticos haviam destroçado o 6º exército de von Paulus frente a Estalinegrado. Hitler começou a falar cada vez menos da vitória alemã e mais da incapacidade dos Aliados em derrotarem a Alemanha e não tardou que surgissem novas crises. Mussolini foi deposto em Julho de 1943 e a Itália capitulou perante os Aliados.

1944

Depois de os exércitos alemães terem sido expulsos da USSR e após o Dia D, em Junho de 1944, dia em que ocorreu a chegada das forças aliadas à Normandia, tornou-se óbvio que ao contrário do que Hitler previra os Aliados não seriam empurrados de volta ao mar. A oposição alemã, liderada por generais, industriais, liberais e até elementos de esquerda, tentou um golpe de estado, a conspiração da bomba de Julho. O sinal de partida deveria ser o assassinato de Hitler, mas a bomba que foi colocada no quartel-general por um oficial da sua guarda, de nome von Stauffenberg, não o matou e o golpe falhou. A única coisa em que este golpe foi bem sucedido foi em ter feito com que Hitler embarcasse numa das mais sangrentas purgações de sempre: milhares de homens e mulheres passíveis de liderar um outro golpe foram executados (a maior parte dos quais sem nada ter a ver com a conspiração) para evitar que, no futuro, se envolvessem num outro levantamento. Himmler tomou a seu cargo o comando do exército na Alemanha, de modo a reforçar ainda mais o controlo nazi sobre ele. Contudo, à medida que o ano decorria, os Aliados iam avançando.

1945, a derrota

Ao mesmo tempo que os Aliados se lançavam sobre a Alemanha, em Abril de 1945, Hitler casava com a sua amante, Eva Braun, a 29 de Abril de 1945, e no dia seguinte ambos cometiam suicídio, no abrigo anti-aéreo por baixo da chancelaria de Berlim. É tido como certo que os corpos foram de seguida queimados no pátio (Fonte: Site Segunda Grande Guerra).